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Atendimento de Primeiros Socorros para Guias (Parte 1)

  • Foto do escritor: Mauro Popovs
    Mauro Popovs
  • 21 de jun. de 2024
  • 20 min de leitura

Atualizado: 3 de jun.

O APH, e a importância em contratar um guia especializado em técnicas de primeiros socorros para salvar vidas

United Hatzalah Holds Combined Mass-Casualty Incident Training / Israel
United Hatzalah Holds Combined Mass-Casualty Incident Training / Israel

Um guia de turismo ou um tour leader nacional ou internacional em seu dia a dia na rotina em conduzir pessoas, estará sujeito a vivenciar experiências que poderão nos surpreender e a diferença em estarmos preparados será essencial para salvar vidas.

Se capacitar na aplicação de técnicas de APH, não será útil apenas no seu ambiente profissional, mas em sua vida, junto a nossa família, filhos, pais, cônjuges, amigos e etc., onde qualquer pessoa está sujeita a sofrer acidentes, simples ou mais graves, ou mesmo ter um "mal súbito". Situações como: engasgos, parada cardíaca, quedas e outros. Saber como agir ou até como pedir ajuda poderá salvar a vida de uma pessoa do seu grupo, ou de sua família.


Não será meu objetivo descrever aqui um manual prático de como aplicar técnicas de APH, mas pelo menos fazer um breve resumo para você saiba o que "fazer" ou mesmo saber pedir ajuda e principalmente o que "não fazer" e agravar um quadro que poderá muitas vezes ser irreversível.

A relação do tempo de atendimento em salvar vidas, obedece uma regra, onde estudos apontam que a cada 60 segundos passados equivale a 10% de perda de vida. Obviamente, cada pessoa poderá ter mais ou menos possibilidade de entrar em choque, doenças pré-existentes ou mesmo pessoas que são mais debilitadas devido aos seus hábitos e cuidados com sua saúde. Mas outro estudo aponta que o tempo máximo de uma ação de resgate na cena do trauma será ideal se for antes dos 45 minutos após o acidente.


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Para quem está lendo este POST, e chegou até aqui redirecionado por pesquisas do Google ou outro meio digital, eu sou o Mauro Popovs, Guia Internacional especialista em Oriente Médio, tenho formação como Guia Avançado de Montanha pelo Corpo de Bombeiros de São Paulo e classificação em APH pela Escola Militar UNIBE, em Israel tive oportunidade em treinar APH Tático com soldados da IDF (Israel Defense Force) e tive oportunidade em conduzir como guia em Israel, integrantes da unidade EMS Hatzalah* em territórios em conflito na fronteira com o Egito.

foto: MAURO POPOVS,  Nitzana Border Crossing  معبر نيتسانا, מעבר ניצנה  Israel / Egito - 29/01/2020
foto: MAURO POPOVS, Nitzana Border Crossing معبر نيتسانا, מעבר ניצנה Israel / Egito - 29/01/2020
Trauma e Choque, o que são?

As técnicas de APH (Atendimento Pré Hospitalar), deverão ser aplicadas nos casos de trauma ou choque. Como escrevi acima, a aplicação deverá ser feita apenas por pessoas habilitadas com formação técnica, mas saber o que é e como se faz, irá mudar a situação da vítima.


Trauma, são lesões ocasionadas por força externa devido à acidentes, violência ou auto-agressão.

São 03 tipos conhecidos de trauma, sendo:

Trau​​ma contuso – quando não há perfuração da pele, como é o caso de pancadas, ​quedas, agressões sem armas e incidentes de trânsito.

 

Trauma ​​penetrante – nesse caso, ocorrem o rompimento e a laceração da pele, como em situações de perfuração por armas de fogo, armas brancas como facas e estiletes ou outros objetos e fraturas expostas.​

 

Trauma misto, ​​​contuso e penetrante – já essa situação é a combinação dos dois tipos de ferimentos, mais comuns em acidentes de trânsito e atropelamentos, por exemplo.

Choque, é um quadro clínico com risco à vida, em que o fluxo sanguíneo é rebaixado, diminuindo o fornecimento de oxigênio nos órgãos vitais e células e causando danos cerebrais ou a órgãos internos essenciais para o funcionamento do corpo e, muitas vezes, morte.


O choque pode ser classificado em 4 tipos principais, baseados tradicionalmente no seu perfil hemodinâmico, sendo:


Choque Hipovolêmico

O choque hipovolêmico é uma situação de emergência decorrente da perda de grande quantidade de líquidos e sangue. Essa situação faz com que o coração deixe de bombear sangue para o corpo, levando a problemas em vários órgãos e colocando a vida do vítima em risco.


Choque Cardiogênico

O choque cardiogênico acontece quando o coração perde sua capacidade para bombear sangue em quantidade adequada para os órgãos, causando diminuição acentuada da pressão arterial, falta de oxigênio nos tecidos e acúmulo de líquidos nos pulmões.


Choque Obstrutivo

O choque obstrutivo pode ser definido como uma redução do débito cardíaco secundário a um inadequado enchimento ventricular. As principais causas de choque obstrutivo são o tamponamento pericárdico, a embolia pulmonar maciça e o pneumotórax.


Choque Distributivo

É caracterizado pela presença de má distribuição do fluxo sanguíneo relacionado a uma inadequação entre a demanda tecidual e a oferta de oxigênio, fenômeno descrito como shunt.

Tive a honra em ter aula de APH, com o professor Ten. Daniel Pires do grupo GEPAAR da Polícia Ambiental de São Paulo, em uma de suas aulas ele nos ensinou basicamente que além do pulmão, o sangue em nosso corpo é o responsável pela troca de gás carbônico e fornecimento de oxigênio em nossos órgãos e células. Neste caso, se faz necessário a rapidez na ação de contenção de uma hemorragia exsanguinante, evitando que a vítima entre em estado de hipoperfusão de órgãos, com resultante disfunção celular e morte. Grandes sangramentos irão causar volume circulante diminuído, débito cardíaco diminuído e vasodilatação. No processo da aplicação de APH foi atualizado que a contenção de hemorragia exsanguinante estaria em primeiro lugar. Então quando você ver um grande sangramento não apenas a pessoa estará perdendo sangue, mas também oxigênio.



O que fazer no caso de socorro a um Trauma ou Choque?

Conduzindo pessoas em viagens, passamos por diversos cenários, praias, ruas, montanhas, desertos, selvas, monumentos, lugares desconhecidos, entrada e saída dos ônibus de turismo, viagens de avião, perigo de assaltos e no meu caso, até o perigo de uma ação terrorista.

São muitos fatores de risco, qual só daremos conta quando a situação de um acidente estiver na nossa frente.


Uma regra essencial a qualquer situação de socorro ou resgate, a cena tem que estar segura pra você em primeiro lugar. Se a cena não estiver segura, você poderá ser a próxima vítima no ímpeto e ansiedade em querer ajudar.

A informação que terão abaixo, foi transmitida através da experiência do dia a dia de outro grande Mestre, responsável pelo curso de APH que eu tive a honra em estudar, além de Professor de APH e de Resgate em Altura Alex Ramos, atualmente faz parte da equipe do SAMU / SP e tem formação como enfermeiro para complementar suas qualidades profissionais.


Existe uma análise principal antes de entrar no cenário do acidente, chamada de 3s´s, sendo:


•SAFETY = Segurança

•SCENE= Cena

•SITUATION= Situação


SAFETY Se o local apresentar riscos significativos, antes se expor, deverá solicitar auxílio de pessoal especializado e só intervir com a segurança garantida, priorizando sempre a sua vida.


SCENE A análise da cinemática do trauma ou análise da cena, são fatores que poderão ser percebidos antes da aplicação de qualquer tipo de socorro e a análise da cena também será um fator determinante para sua segurança. Analisando a cena, você perceberá qual foi o tipo do acidente, quantas vítimas foram envolvidas e devido as forças aplicadas pelo trauma, inclusive poderá ter uma breve noção das possíveis lesões. Poucas pessoas pensam antes de se capacitar em um curso de APH em levar em sua mochila alguns itens que poderá protegê-lo. Itens simples e baratos, no caso luvas cirúrgicas que irá protegê-lo de contaminação por gotículas de sangue e itens que ajudem na sinalização para indicar o local de ajuda ou a proteção da área do acidente. EPI´s, EPR´s e EPC´s.

Como exemplo: Seu passageiro sofreu um acidente automobilístico, houve uma batida em um poste e você percebeu que tem um cabo de força em cima do carro, antes de desligá-lo você não irá se aproximar da cena, inclusive irá alertar aos paramédicos ou socorristas sobre este risco. Você percebeu que havia um sinal no vidro dianteiro do carro parecido com uma teia de aranha, volante do carro deformado, é um indício que a vítima estava sem cinto de segurança e possivelmente terá sofrido traumatismo craniano, lesões cervicais e no tórax e possivelmente quebra ou lesão no osso do fêmur.


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A situação poderá ser analisada como "possíveis riscos" que poderão ocorrer no caso de sua intervenção ao socorrer a vítima. Uma avaliação rápida dos possíveis riscos, tais como atropelamentos, explosão, desabamentos, incêndio, choque elétrico e outros fatores. A análise da situação também determina quais são os recursos que você terá naquele momento para agir de forma rápida e sempre segura. Delegar funções as pessoas que estão na cena apenas observando também será parte essencial para prestar socorro à vítima. Enquanto você aplica as técnicas, delegará que uma das pessoas ligue para o serviço de resgate, outras isolem a área e etc. A situação da cena também prevê na aplicação de ações que protejam a vítima até o socorro chegar, isolando esta pessoa de exposição ao calor extremo ou hipotermia.


Conforme o Prof. Alex Ramos diz, "Não existe cena segura, e sim, cena controlada."


Mundialmente existe um protocolo de procedimentos na aplicação de APH, seguindo as análise primárias e secundárias, as técnicas foram estudadas e aplicadas para salvar vidas.



ANÁLISE PRIMÁRIA

Chamado de XABCDE, este protocolo é conhecido e aplicado no mundo todo.


X: Stop the Bleed (Contenção de Hemorragias)

A: Airway (Vias Aéreas)

B: Breathing (Respiração)

C: Circulation (Circulação)

D: Disability (Disfunção neurológica)

E: Exposure (Exposição)


Passo a passo na aplicação do XABCDE


X: Stop the Bleed ( Contenção de Hemorragias)

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Conforme descrito acima, a rápida resposta na contenção de hemorragias evita que a vítima entre em choque. Levar consigo equipamento para contenção de grandes hemorragias é muito simples. Ao lado demonstro da esquerda de cima para baixo, a bandagem Israelense, equipamento ultra eficiente criada para atender aos ferimentos em campo de batalha, um torniquete simples, luvas cirúrgicas para sua proteção contra possíveis infecções e um exemplo de gaze hemostática que ajuda a estancar rapidamente o sangramento.



Certificado Internacional Stop The Bleed e APH Tático CQB
Certificado Internacional Stop The Bleed e APH Tático CQB

Sempre importante levar consigo uma tesoura ponta romba, para ajudar a expor a área do sangramento, desta forma, ficará melhor identificar se a hemorragia é arterial ou venosa, a qual se não controlada rapidamente levará a vítima á óbito após 03 ou 05 minutos. No atendimento de urgência no local do trauma, não será possível determinar o volume de sangue perdido pela vítima, mas é importante saber tecnicamente que 1/3 do total do sangue do corpo perdido levará à vítima a óbito. Inclusive a perda abundante de sangue poderá gerar sequelas à vítima no futuro. O controle das hemorragias externas poderão ser feitas diretamente no ferimento através de técnicas de aplicação de curativos compressivos ou torniquetes.




A: Airway 

Desobstrução e abertura de vias aéreas e controle de respiração.

A vítima inconsciente corre o risco de se afogar com a própria língua ou mesmo dentes, dentaduras e volume de sangue em traumas ocasionados por acidentes como atropelamentos, batidas de carros, capotamentos ou qualquer acidente em que a vítima possa ter batido a cabeça, é importante verificar as vias aéreas e desobstruí-las. Manter as vias aéreas livres e preservar uma boa oxigenação será a medida tão urgente quanto a contenção de hemorragias. A abordagem da vítima inconsciente é um cuidado essencial a ser feito corretamente, pois devemos iniciar o movimento de verificação das vias aéreas movimentando delicadamente o rosto começando do mesmo lado onde o rosto da vítima estiver virado, sempre tomando o cuidado com traumas na coluna cervical. Posicionando a cabeça da vítima na posição frontal sempre em decúbito dorsal (vítima deitada) iniciaremos a verificação em dois movimentos, chamados Chin Lift (Levantamento de queixo (mento)) e Jaw Thrust (anteriorização da mandíbula) conforme a figura.

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B: Breathing Após a liberação das vias aéreas, os meios clássicos de verificação serão através da inspeção, palpação , percussão e ausculta. Na inspeção iremos verificar a assimetria de expansão pulmonar, que seria o movimento dos músculos para respirar, teremos que verificar possíveis contusões, ferimentos penetrantes, distensão das veias do pescoço e frequência respiratória. No exame de palpação na vítima, importante perceber se há crepitações, enfisema subcutâneo e desvio da traqueia. A percussão determina o grau de timpanismo e a ausculta demonstra assimetria do murmúrio vesicular.

Aplicação de equipamentos de ventilação manual *se necessário – máscara não reinalante ou BVM.

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Conhecido no Brasil e no mundo como AMBU, “Artificial Manual Breathing Unit” (Unidade Manual de Respiração Artificial). Para cada inspiração, comprimir o ambu de maneira firme e suave a fim de prover um volume corrente de 6 a 7 mL/kg (ou cerca de 500 mL para um adulto de tamanho médio) por 1 segundo e então soltar a bolsa para permitir que ela infle novamente.


No treinamento apresentado na foto, tive a oportunidade em aprender a aplicar o selo (adesivo) de tórax valvulado e o procedimento de aplicação de agulha de descompressão torácica, aplicável no caso de lesões chamadas de "pneumotórax hipertensivo", no caso, o trauma perfurante permitirá a entrada de ar na cavidade pleural sem a saída do mesmo. Nesta situação o pulmão entra em colapso e provoca o desvio do mediastino para o lado oposto, com diminuição drástica do retorno venoso e débito cardíaco. Neste caso, sempre executado por um profissional habilitado, deverá ser feito uma válvula através de uma agulha calibrosa inserida entre a quinta ou sexta costela do espaço intercostal deixando no espaço um acesso onde o ar poderá sair, reequilibrando a respiração.

A. Aplicação de selo de tórax valvulado B. Aplicação de agulha de descompressão toracica C. Aplicação de torniquete em vítima baleada em treinamento tático CQB
A. Aplicação de selo de tórax valvulado B. Aplicação de agulha de descompressão toracica C. Aplicação de torniquete em vítima baleada em treinamento tático CQB

C: Circulation

Necessário estar atento na circulação do sangue da vítima, principalmente caso haja possíveis hemorragias internas, obviamente não estará visível e algumas aplicações poderão ajudar nesta análise. Existe uma análise chamada PPP - Pele / Pulso / Perfusão Capilar.

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Em uma hemorragia interna a pele da pessoa fica pegajosa e fria, o movimento do pulmão também poderá determinar possíveis problemas, devido as alterações na respiração e o sangue não irá irrigar vasos capilares de forma natural, neste caso, se você apertar as pontas do dedo da vítima e o retorno do sangue for maior que 2 segundos, pode ser que a vítima esteja com hemorragia interna.



D: Disability

A percepção de disfunção neurológica pode ser feita através da análise da pupila da pessoa, caso comum em traumatismo craniano onde existe um aumento significativo da pupila, poderá ser aplicada uma técnica chamada "Glasgow", são perguntas simples que determinará o tempo de resposta e se existe confusão metal.

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E: Exposure


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Deixar a vítima exposta a altas temperaturas ou a frios extremos é um dos fatores que poderá agravar a situação do trauma, fazendo com que a vítima entre em choque. Levar consigo uma manta térmica em sua mochila poderá ser essencial em diversas situações. Acidentes em caminhadas, trekking, quedas em estações de ski, fadiga no caso de Santiago de Compostela.

O equipamento demonstrado ao lado, além de ser de fácil transporte, pois é leve e principalmente barato. Até que o serviço de resgate chegue, proteger a vítima fará com que conserve sua temperatura.



ANÁLISE SECUNDÁRIA


Após o rápido atendimento do trauma, fazendo uso das técnicas da análise primária o socorrista passará a aplicar a análise secundária, que também segue um protocolo de aplicação com a mnemônica SAMPLA


S - Sinais Vitais A - Alergias M- Medicamentos P – Passado Médico L – Líquidos ou Alimentos A – Ambiente


SINAIS VITAIS

Na análise de sinais vitais será verificado as seguintes aplicações


T- Temperatura - (36,5ºC a 37,2ºC) SPO2 - Saturação de Oxigênio - (Adultos SpO2 é 95 – 100%. Um valor mais baixo de 90% é considerado a baixa saturação do oxigênio)

FC - Frequência Cardíaca - (60 a 100 batimentos por minuto) FR - Frequência Respiratória - (12 a 20 respirações por minuto) DX – Dextro - (Adulto em jejum normal: inferior a 99 mg/dL) PA – Pressão Arterial (90 x 60 mmHg a 129 x 84 mmHg)


Enquanto aguardamos a ambulância de resgate oficial, poderemos adiantar um processo de verificação, começando pela cabeça aos pés da vítima, esta análise se faz necessária para localizar fraturas ou sangramentos que possivelmente não tenha sido percebida no primeiro momento, começando pela cabeça, face, pescoço, traqueia, clavícula, tórax, abdome, membros superiores, pelve, bacia e membros inferiores.


Objetiva


P – Pulso

M – Motricidade

S – Sensibilidade


Subjetiva


D- Dor

I – Instabilidade

C – Crepitação


O que fazer quando você tem que agir em uma parada cardíaca?
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Em nosso ambiente de trabalho, podemos nos deparar com uma situação em que teremos que ajudar a vítima no caso de RCP, mas o que pode causar a parada cardiorrespiratória? A parada cardiorrespiratória pode acontecer a qualquer momento, mas as causas mais comuns incluem: doenças cardíacas, insuficiência respiratória e choque elétrico. Além disso, outras causas incluem: choque hipovolêmico, envenenamento, acidente vascular cerebral e afogamento.


Comentei de forma rápida, mas na situação em conduzir grupos formados por pessoas das quais não conhecemos o histórico de vida, seus hábitos e problemas neurológicos ou de saúde. Irei relatar aqui situações comuns que podem acontecer sem aviso.

Existe uma técnica para auxiliar no diagnóstico precoce, conhecida como os “5H e 5T”. Ela resume as principais causas de parada cardiorrespiratória:


5H´s

a) Hipóxia (falta de oxigênio nos tecidos);

b) Hipovolemia (diminuição do volume sanguíneo por hemorragia ou outras condições);

c) Hipo/hipercalemia (alterações nos níveis de potássio);

d) Hipotermia (temperatura corporal abaixo de 35ºC);

e) Hidrogênio (presente em disfunção metabólica);


5T´s

a) Tamponamento cardíaco (distúrbio que interfere na capacidade do coração de bombear sangue);

b) Trombose coronariana;

c) Trombose pulmonar;

d) Toxinas;

e) Tensão no tórax (geralmente ocasionada por traumas);


Comentando de forma técnica parece algo muito longe de acontecer, mas irei relacionar com acontecimentos na vida real, que podem acontecer facilmente em um grupo, exemplificando:


5H´s

a) Crise de Asma ou Engasgo - nome técnico, Hipóxia (falta de oxigênio nos tecidos) Durante uma crise de asma, as células que produzem muco nas vias respiratórias podem bloquear a passagem de ar. A ar fica preso nos alvéolos e o organismo não consegue fazer troca de oxigênio e dióxido de carbono adequadamente. O ar comprimido leva a hipóxia no corpo, que é o baixo teor de oxigênio. Quando falamos sobre engasgo, a ação causa parada na respiração, com queda nos níveis de oxigênio para órgãos importantes como o cérebro e coração. Quanto maior o tempo sem oxigênio, chamado hipóxia, maior as consequências, que podem ser desde perda de funções cerebrais ou parada cardíaca e morte.


b) Grandes hemorragias - nome técnico, Hipovolemia

Hipovolemia é o estado de diminuição do volume sanguíneo, mais especificamente do volume de plasma sanguíneo.


c) Abuso de bebida alcoólica - nome técnico, Hipo/Hipercalemia

Quais são as causas da Hipocalemia? Geralmente, a hipocalemia é causada pelo uso excessivo de medicamentos com função diurética, além do abuso de álcool e de laxantes. Vômitos e diarreia também podem causar a hipocalemia, por isso, é preciso ficar atento com pacientes com condições como a anorexia e a bulemia.


d) Exposição ao frio - nome técnico, Hipotermia

A principal e única causa da hipotermia é a longa exposição ao frio intenso. Ou seja, quando o ser humano se encontra em um ambiente com temperaturas muito baixas. Este estado acontece porque o corpo humano libera mais calor do que consegue reter, resultando na diminuição da temperatura corporal.


e) Doses elevadas de Aspirina - nome técnico, Hidrogênio

A síndrome metabólica é um conjunto de doenças que, associadas, vão levar ao aumento do risco de problemas cardiovasculares, derrames e diabetes. A acidose metabólica surge quando a quantidade de ácido no corpo aumenta devido à ingestão de substância que é um ácido, ou que pode ser decomposta (metabolizada) em ácido, doses elevadas de aspirina (ácido acetilsalicílico), por exemplo.


Para que este tema não fique tão extenso, em relação aos 5T´s, quem já não ouviu falar de pessoas que morreram, ou quase morreram devido a trombose, ocasionada pelo tempo de viagem, onde o passageiro fica pressionando as veias por estar sentado por muitas horas. Para quem leva grupos de peregrinação, quem não conduziu pessoas com idade avançada que podem sofrer uma Trombose Pulmonar e saber aplicar a massagem cardíaca será essencial para salvar a vida da pessoa.



Aplicando técnica de massagem cardíaca

Como comentei acima, para que você possa agir numa cena onde prestará o APH, ela deverá estar segura, ou melhor, a cena deverá estar controlada.

Você chega no local e seu cliente está em decúbito dorsal (SUPINE POSITION), ou seja, deitado de costas no chão e antes de aplicar a massagem cardíaca, temos que seguir os seguintes passos:

PASSO 1 a. Reconhecimento da cianose labial e extremidades (cor levemente azulada); b. Ausência de movimentos torácicos, verificação visual do movimento do toráx; c. Reconhecimento de respiração ausente, usar a orelha na aproximação das vias aéreas (nariz e boca) da vítima; d. Colocar dedo na artéria do pescoço para verificar a pulsação;


PASSO 2 Caso esteja sozinho na cena, ao mesmo tempo, ligue e deixe seu telefone no viva-voz próximo a você para que ouça as indicações do serviço de emergência e responda as perguntas de forma clara. Caso esteja acompanhado, não evite de pedir ajuda, delegue a quem estiver no local que ligue imediatamente para o serviço emergência local. Sozinho ou com ajuda, não se esqueça de solicitar o D.E.A (Desfibrilador Externo Automático) e o BVM (Bolsa Válvula Máscara), mais conhecido como AMBU.


PASSO 3 Comece as atividades, chamada de sequência de RCP, são 30 compressões torácicas, seguidas por duas respirações boca a boca, e continua em uma proporção de 30:2, ou seja, 30 compressões com 02 ventilações (de preferência com um AMBU). Importante ressaltar que a força aplicada deverá alcançar uma profundidade de 04 a 06cms em adultos e de 02 a 04cms em crianças até que o socorrista seja substituído pela equipe de emergência. Assim que começar a sequência de RCP, não pare a sequência nem por 01 segundo.

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Para o nosso conhecimento geral, nenhuma informação é irrelevante, e por incrível que pareça, ao aplicar a sequência de RCP, pode-se perder a concentração e uma dica que realmente funciona, é seguir o ritmo de uma música dos Bee Gees, chamada "Stayin Alive" ....ah, ha, ha, ha, Stayin Alive, Stayin Alive. A média de compressões será de 100 a 120 movimentos por minuto, por isso, esteja preparado para dar o melhor de você caso tenha que salvar uma vida.


GASPING

'Gasping' ou respiração agónica, são os famosos espasmos, é o termo utilizado quando uma pessoa sente dificuldade em respirar, ofegando para a obtenção de ar. Isto pode ocorrer durante uma paragem cardíaca e é um reflexo do corpo quando os níveis de oxigénio no cérebro são baixos.

CASOS REAIS

Um guia preparado deverá levar alguns itens básicos de APH consigo para possíveis emergências em lugares ermos ou passeios que envolvam caminhadas que exigem muito esforço físico e estejam geograficamente distante de algum posto de atendimento médico. Caso de visitas ao parque de Machu Picchu no Peru, principalmente se a pessoa quiser se aventurar e conhecer o pico da Montanha Huayna Picchu que está a uma altitude de 2963 m ao nível do mar. Em Julho deste ano, um homem de 59 anos chamado Carlos Jorge Rubinstein morreu por falta de atendimento médico e infra estrutura do local. O vídeo dos próprios turistas e guias locais tentando reanimar a vítima viralizou nas redes sociais, e nenhuma das pessoas portava nenhum equipamento que pudesse salvar a vida desta vítima, principalmente os guias locais. O link desta reportagem é:

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A grande maioria dos agentes de turismo no Brasil, não possuem conhecimento local dos lugares que oferecem ou vendem aos seus clientes e também culturalmente profissionais de turismo não se atentam aos cuidados necessários caso possam ter possíveis emergências. Caso da venda de "Seguros Saúde", pois nem todos os hospitais são conveniados com aquele seguro que oferece mais comissão para o vendedor. Guias tem a obrigação em mapear os locais de visitação e saber qual a distância, telefones de emergência e principalmente ter em sua mochila equipamentos que poderão salvar a vida de seus passageiros ou a sua própria vida.

Abaixo um mapa do Parque Histórico de Machu Picchu e a distância do hospital mais próximo, saibam que no parque ou proximidades não possuem sequer uma ambulância e paramédicos.

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Hoje temos em nossas mãos, a um clique, como fazer uma previsão de rotas de emergência caso seja necessário. Imagine que as rotas de chegada e saída do Parque Histórico de Machu Picchu estejam bloqueadas por mal tempo ou queda de barreiras, vejam onde estará o hospital mais próximo e como chegar até lá. E na pior situação, será que seu seguro saúde será aceito ou terá cobertura do serviço de emergência que seu cliente precisa? Ter um guia de montanha especializado em APH com equipamentos para salvar vidas evitará que você, organizador de grupos, funcionário ou proprietário de agência ou operadora tome um processo que custará muito muito caro.

Huayna Picchu by Mauro Popovs e Iris Popovs em 10 maio 2023
Huayna Picchu by Mauro Popovs e Iris Popovs em 10 maio 2023

O equipamento Pocket Mask RCP, fará a substituição do AMBU nestes casos, pense que sempre será necessário a ajuda de 02 ou mais pessoas para o procedimento, ok?

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Existem diversos modelos de Pocket Mask RCP no mercado, a necessidade em possuir este equipamento em sua mochila será útil também ao socorrista que tiver que aplicar a ventilação boca a boca, pois protegerá a prevenção de doenças infecciosas que não temos conhecimento e poderão ser transmitidas através da saliva. A máscara permitirá apenas que ar entre e não saia pelo mesmo canal de aplicação.

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Uso do D.E.A (Desfibrilador Externo Automático)

Minha experiência está voltada a acompanhar grupos, principalmente em Israel. Em algumas cidades é possível encontrar este equipamento na rua e saber usá-lo pode ser de extrema importância no RCP.

A desfibrilação é a aplicação de uma corrente elétrica no coração de um paciente, e tem como objetivo evitar a sua morte por parada cardíaca. O DEA (Desfibrilador Externo Automático), aparelho utilizado nesse procedimento, também é indicado para tratar problemas de arritmias, fibrilação atrial ou ventricular e taquicardia.

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A posição das pás do DEA, são colocadas de forma diferente em adultos e crianças, como mostrado na figura acima. Entendam que o choque agirá como um curto circuito, fazendo o coração voltar ao ritmo de batidas cardíacas.


Ligue o aparelho: ligue o DEA e escute atentamente as instruções sobre como proceder. Posicione os eletrodos: normalmente, os eletrodos dos DEAs são adesivos em coxim. O eletrodo direito deve ser posicionado embaixo da clavícula da vítima, enquanto o esquerdo deve ser aderido abaixo do mamilo esquerdo. É importante que os eletrodos sejam posicionados corretamente, para que a corrente elétrica atinja mais fibras cardíacas. Como demonstrado na figura acima.

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Aguarde o aparelho analisar a condição do paciente: depois de posicionar os coxins no paciente, instale o cabo do aparelho na luz indicativa. A partir daí, o DEA irá fazer uma análise do seu ritmo cardíaco. É o resultado dessa análise que determinará se é necessário aplicar o choque ou não. Quando a análise aponta para a não realização do choque, deve-se prosseguir com a massagem e aguardar a chegada da emergência.

Dê o choque: se a análise do desfibrilador apontar que é preciso efetuar o choque no paciente, veja primeiro se não tem ninguém muito perto ou em contato com o DEA ou com a vítima.

Sempre posicione o DEA próximo a cabeça do paciente, mas com uma distância que não encoste na vítima a não ser os eletrodos. A técnica ajudará a perceber se o paciente reage.

Assim, pressione o botão de choque. É importante ressaltar que o aparelho dá uma descarga elétrica por vez. Após dois minutos, uma nova avaliação do ritmo cardíaco é realizada, indicando o próximo passo a ser seguido.

IMPORTANTE

Não remova o desfibrilador após o procedimento. Aguarde o atendimento médico.


Como pedir e o que pedir como ajuda aos orgãos responsáveis
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Caso você seja um guia habilitado a aplicar técnicas de APH, é extremamente importante saber pedir ajuda, quando estiver em território nacional ou internacional. Essencial que saiba o código "Q" e também o "alfabeto fonético mundial", isso facilitará sua comunicação com forças militares, bombeiros, equipes de resgate, policia, empresa aéreas e outros, já que a aplicação deste tipo de comunicação por códigos são mundiais em qualquer idioma. O código QSA que é utilizado para informar o nível de qualidade da recepção do sinal de rádio, que vai de 1 até 5, poderá ser utilizado para informar a urgência do atendimento da vítima de forma clara e rápida. Nos graus de urgência, caso a pessoa esteja correndo riscos extremos de morte QSA1 e quando a vítima estiver com quadro mais controlado QSA5. No Brasil o sistema de resgate e atendimento de urgência é o SAMU (192) e saber como pedir o tipo correto de ambulância pode fazer a diferença para salvar a vítima, já que existem mais de um tipo de ambulância e nem todas possuem equipamentos, enfermeiros ou médicos, sendo que apenas a ambulância que possuem estes profissionais estará apta a fazer acessos com soros ou medicamento intravenosos ou acessos invasivos de respiração na vítima. Tipos de Ambulâncias do SAMU

TIPO A - Unidade de resgate Unidade de resgate, equipada com sinalizadores acústicos e óticos, suporte para soro e oxigênio, maca e pode ter cadeira de rodas. 


TIPO B - Suporte Básico a Vida (SBV) Os integrantes do SBV é composto de 1 socorrista + 1 condutor TIPO C - Unidade de Suporte Avançado (SIV) Os integrantes do SIV é composto por 1 socorrista, 1 enfermeiro + 1 condutor. Nesta unidade sempre haverá monitor-desfibrilador, respirador, materiais para procedimentos médicos invasivos, suporte para aplicação de soro e medicamentos com acesso intravenoso.


TIPO D - Unidade de Suporte Avançado com equipamentos especiais (SAV) Os integrantes do SAV é composto por 1 enfermeiro, 1 médico + 1 condutor

Nesta unidade sempre haverá monitor-desfibrilador, respirador, oxímetro de pulso, materiais para procedimentos médicos invasivos, suporte para aplicação de soro e medicamentos com acesso intravenoso.

O TEMPO SEMPRE SERÁ FUNDAMENTAL

Uma pergunta frequente é em relação ao tempo de atendimento em urgências e principalmente na remoção que poderão salvar vidas, eu já comentei acima mas é bom recordar que a cada minuto em uma situação de urgência equivale a perda de 10% de vida. Claro que dependerá do estado de saúde de cada vítima, cada pessoa reagirá de um jeito. Para grandes hemorragias se não for contida e controlada a pessoa pode perder a vida no tempo entre 03 a 05 minutos. Tudo dependerá da situação em que você se encontra ao prestar os primeiros socorros, o local onde está e o acesso á vítima. Mas em regra, á partir do acidente o ideal será se basear num tempo máximo de remoção da vítima em até 45mins, para acidentes de carro a retirada da pessoa do veículo não deve ultrapassar de 08 mins. No caso da vítima estar inconsciente, existe uma técnica de extração chamada "Chave Rautek" demonstrada no vídeo.





Este POST é um resumo muito rápido, sobre a aplicação de APH para situações de acidentes que poderão acontecer na condução e acompanhamento de pessoas aos mais variados destinos turísticos. Indico com satisfação o instituto de ensino UNIBE, através da coordenação técnica do Professor Juan Melo, e aulas teóricas e práticas dos Instrutores Tenente Daniel Pires e do Enfermeiro e profissional de Resgate Avançado Alex Ramos.


Eu sou o Mauro Popovs, guia e especialista em Oriente Médio. Certificado pela escola Tactical Academy na formação de técnicas "Stop the Bleed Internacional" e "APH-T Atendimento Médico Hospitalar Tático". Espero que o conteúdo do Blog possa ter sido útil em sua busca e espero vê-lo(a) em nosso próximo grupo para Terra Santa ou Europa.


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Material do Seminário de APH de conclusão de curso UNIBE 2024



 
 
 

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مرحبا Marhaba

Olá, obrigado por sua visita.
Meu compromisso será sempre manter dicas e informações exclusivas para que tenham a melhor experiência em sua viagem.

Mauro Popovs

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