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Tour guiado de São Paulo

  • Foto do escritor: Mauro Popovs
    Mauro Popovs
  • 17 de ago.
  • 15 min de leitura

Atualizado: há 1 dia

Sou guia de Oriente Médio a mais de 20 anos, mas com "orgulho" moro em São Paulo e por muitas vezes tive a oportunidade em conduzir estrangeiros, brasileiros de outros estados e atualmente Paulistas e Paulistanos para conhecer a história desta grande cidade.

Foto: Pátio do colégio no centro de São Paulo
Foto: Pátio do colégio no centro de São Paulo
Como nasceu a cidade de São Paulo

A cidade de São Paulo nasceu em 25 de janeiro de 1554. O nome “São Paulo” foi escolhido pelos jesuítas Padre José de Anchieta e Padre Manuel da Nóbrega, em homenagem ao apóstolo Paulo, cuja conversão ao cristianismo é celebrada exatamente nessa data.

O marco inicial da fundação de São Paulo foi o primeiro colégio jesuíta, construído no alto do planalto dos campos de Piratininga, antiga denominação da região. O local, conhecido até hoje como Pátio do Colégio, é considerado o berço da cidade que, à época, recebeu o nome de São Paulo dos Campos de Piratininga.

O termo “Piratininga”, de origem tupi-guarani, significa “peixe seco” ou “lugar onde se secam peixes”. Mais adiante, neste blog, comentarei uma curiosidade interessante relacionada a essa denominação.

Relatos históricos indicam que os padres jesuítas recorreram à astrologia, elaborando um mapa astral para definir o momento da fundação da cidade. Segundo essas análises, São Paulo teria ascendente em Áries, o que explicaria seu caráter dinâmico e incansável. Contudo, há divergências: o horário tradicionalmente aceito para o “nascimento” da cidade é 6h45 da manhã, o que colocaria seu ascendente a 28° do signo de Aquário, associado ao planeta Marte.

Quem vive em São Paulo pode reconhecer traços dessas influências simbólicas — uma cidade marcada pela inovação, movimento e liderança, características atribuídas tanto a Aquário quanto à força marcial. Essa interpretação reforça o lema estampado, originalmente em latim, no brasão de armas paulistano:“Non Ducor, Duco!” — “Não sou conduzido, conduzo!”.


Mais adiante, falarei com mais detalhes sobre o significado e a origem desse lema.


Detalhes de guia

Quem celebrou a primeira missa, em 25 de janeiro, não foi o Jesuíta José de Anchieta, e sim o Padre Manuel da Nóbrega, pois na ocasião, José de Anchieta não era ordenado padre.


Antes da chegada dos jesuítas ao Planalto de Piratininga, em 1532, Martim Afonso de Sousa aportou no litoral de São Paulo com suas caravelas portuguesas e fundou a Vila de São Vicente, também conhecida como “Porto dos Escravos”.

Foi em São Vicente que ocorreu o primeiro conflito entre europeus na América do Sul, conhecido como a Guerra de Iguape.

Assim que se estabeleceu, Martim Afonso incentivou a conquista de novos territórios ao longo do litoral, o que resultou na fundação da Vila de Itanhaém (1532) e, posteriormente, da Vila de Santos (1546).

Ou seja, as primeiras cidades do atual estado de São Paulo surgiram no litoral. Somente em 1553, o personagem que considero o mais importante dessa história — João Ramalho — estabeleceu a conexão entre os portugueses e os povos indígenas da região, chegando até o local onde hoje se encontra o Pátio do Colégio, no centro da cidade de São Paulo.


Sem "João Ramalho" não existiria São Paulo
Estátua de João Ramalho na cidade de Santo André / SP
Estátua de João Ramalho na cidade de Santo André / SP

A verdadeira origem de João Ramalho permanece um mistério até hoje. Não se sabe se ele foi um pirata, um náufrago, um desertor ou apenas um aventureiro. Sabe-se, porém, que veio de Portugal, provavelmente da região de Viseu, embora não haja consenso se era judeu ou cristão-novo.

O fato é que João Ramalho chegou ao Brasil antes de Martim Afonso de Sousa, por volta do ano de 1510. Ao se estabelecer no litoral, criou uma forte ligação com os povos indígenas da região, especialmente com a etnia tupiniquim, que ocupava o território desde o litoral até onde hoje se localiza a cidade de São Paulo.

João Ramalho casou-se com a índia Bartira — cujo nome em tupi era M’Bicy —, filha do grande cacique Tibiriçá, o mais importante e poderoso da região na época. Após o casamento, tornou-se chefe de uma aldeia e passou a desempenhar um papel fundamental nas conquistas de Martim Afonso, inclusive na tomada de diversos locais ao longo da costa paulista.

Comandou guerras contra os inimigos dos tupiniquins, grupos rivais do cacique Tibiriçá. Ganhou o respeito dos povos indígenas, embora tenha sido um dos principais responsáveis pela escravização de índios pertencentes a etnias inimigas de Tibiriçá, a serviço da colonização portuguesa.

Graças à sua liderança militar, João Ramalho chegou a reunir mais de cinco mil indígenas sob seu comando — um número expressivo se comparado aos cerca de dois mil homens da colônia portuguesa. Assim, tornou-se uma das figuras mais poderosas da época, unindo costumes portugueses e indígenas.

Ele viveu na Vila de Santo André da Borda do Campo, praticamente fundada por ele. Lá, exerceu cargos de liderança, chegando a ser vereador e, posteriormente, o equivalente ao atual prefeito da cidade, hoje conhecida apenas como Santo André.


Conexão dos jesuítas, através de João Ramalho e tribos indígenas
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Pesquisas sobre a história do início da cidade de São Paulo, realizadas a partir do século XIX, relatam que os povos que habitavam o Planalto de Piratininga eram, em sua maioria, pertencentes à tribo dos Guaianás ou Guaianases.

Com a chegada dos bandeirantes, os integrantes dessa tribo foram capturados e escravizados, sendo forçados a trabalhar nas lavouras. Em seguida, tribos tupi-guaranis, que também ocupavam a região, passaram a habitar o local. Por esse motivo, os relatos escritos pelos jesuítas mencionam povos tupi-guaranis em suas atividades de catequização.

Entretanto, a conexão entre os jesuítas e os povos indígenas não teria acontecido sem a ajuda de um personagem fundamental que mudou o curso da história: João Ramalho, genro do grande cacique Tibiriçá.

Os padres jesuítas, porém, nunca mantiveram uma boa relação com João Ramalho. Segundo seus relatos, ele era um homem rude e bruto, possuía várias mulheres, andava nu pelas aldeias e não respeitava os mandamentos cristãos. Apesar disso, desempenhou um papel essencial ao aproximar os indígenas do trabalho missionário dos jesuítas, além de protegê-los contra ataques de tribos rivais e inimigas.

A ideia inicial dos jesuítas era encontrar um local o mais distante possível das áreas dominadas pelos colonizadores portugueses — que já se haviam estabelecido no litoral e na região de Santo André — para que pudessem ter maior autonomia em sua missão de catequização.

Com a permissão e o apoio do grande cacique Tibiriçá, sob a liderança do Padre José de Anchieta, os jesuítas escolheram o ponto mais alto da região. Ali, em 29 de agosto de 1553, o padre realizou o batismo de mais de cinquenta catecúmenos, o que levou à necessidade de fundar um colégio jesuíta no local.

Uma curiosidade: após a criação do colégio, a índia Bartira — também conhecida pelo nome tupi M’Bicy — foi batizada na Igreja Católica, passando a se chamar Isabel Dias. Seu pai, o próprio cacique Tibiriçá, também foi convertido, recebendo o nome de Martins Afonso Tibiriçá.

Ao redor do colégio começou a se formar uma pequena povoação composta por indígenas convertidos ao cristianismo, jesuítas e colonizadores portugueses.

Em 1560, devido ao crescimento da região, o então governador-geral da colônia, Mem de Sá, ordenou que os habitantes da Vila de Santo André da Borda do Campo fossem transferidos para os arredores do colégio. Nesse mesmo ano, foram criadas a Câmara Municipal e a Confraria da Misericórdia de São Paulo — atual Santa Casa de Misericórdia.

Ainda em 1560, o Padre Anchieta fundou os povoados que deram origem aos atuais bairros de Pinheiros, Santana e São Miguel. A primeira capela, inaugurada em 1580, localizava-se onde hoje está o bairro de São Miguel Paulista, sendo considerada a mais antiga do estado de São Paulo.

Com o crescimento da recém-fundada cidade, surgiu também a primeira paróquia, no local onde atualmente se encontra a Catedral da Sé, fundada em 1589. Um ano depois, em 1590, os monges beneditinos estabeleceram o Mosteiro de São Bento.

O que começou como uma simples abadia e uma pequena capela — então dedicada a Nossa Senhora da Assunção — transformou-se, em 1633, no imponente Mosteiro de São Bento que conhecemos hoje. Construído em estilo barroco, o conjunto abriga atualmente uma igreja, uma faculdade, um colégio, uma livraria e uma hospedaria chamada Casa de Emaús.


Vista interna "casamento" no Mosteiro de São Bento, centro da cidade de São Paulo
Vista interna "casamento" no Mosteiro de São Bento, centro da cidade de São Paulo

Após a inauguração da "Freguesia da Sé", outras paróquias foram criadas. A 10kms do centro as próximas paróquias foram a de "Nsa. Senhora do Ó" e de "Penha de França" as duas no ano de 1726. Em 1809 a Paróquia de Santa Efigênia, 1812 a de São Bernardo do Campo e 1818 a Paróquia do Brás.


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Na imagem acima, ilustra como seriam os bairros próximos ao centro de São Paulo, ao natural, visto apenas pelos índios que viviam nesta época.

Catedral da Sé

Também conhecida através de seu nome completo, Catedral Metropolitana Nossa Senhora de Assunção e São Paulo. Com a arquitetura e nas formas que conhecemos hoje, a catedral da Sé, começou a ser construída no ano de 1913 e terminou por completo em 1953. O estilo adotado em sua construção foi o "neogótico", que surgiu no século XVII na Inglaterra e se popularizou no século X1X. Quem teve a oportunidade em viajar por alguns países na Europa, poderá perceber o mesmo estilo neogótico na Abadia de Westminster em Londres, na Catedral de Köln (Colônia) na Alemanha e na Catedral de Notre Dame e a Basílica de Saint-Denis, estas duas se encontram em Paris na França. Uma única curiosidade que diferencia a Catedral da Sé de outras construções religiosas neste estilo, é que sua cúpula foi feita no estilo de arquitetura renascentista baseada nos estilos das construções das igrejas de Florença na Itália, mas mesmo assim a Catedral é considerada o quarto maior templo neogótico do mundo. A Catedral é considerada a igreja mais alta de São Paulo, com 111 metros de comprimento, 46 metros de largura, das duas torres e com 92 metros de altura, tem capacidade para abrigar 8000 pessoas sentadas. No acabamento total da igreja, foram utilizadas 800 toneladas de mármore. O arquiteto que construiu a Catedral da Sé no formato que conhecemos hoje foi o alemão "Maximilian Emil Hehl", nesta época o arcebispo era "Dom Duarte Leopoldo e Silva". Os mosaicos, esculturas e mobiliário que compõem a parte interna da igreja foram trazidos de navio da Itália.



Detalhes de guia


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Pegando carona na data inicial da construção da Catedral da Sé, 03 após depois, no ano de 1916, foi criado o Brasão de armas da cidade de São Paulo, durante o governo municipal de Washington Luiz, por meio de concurso. O desenho vencedor foi de Guilherme de Almeida e José Wasth Rodrigues, apenas 01 ano depois, em 1917 foi oficializado o Brasão de Armas de São Paulo como é utilizado até hoje.

Na bandeira do brasão, existe uma cruz estilizada, evidenciando a Cruz Templária, dos "Cavaleiros de Cristo" usada nas caravelas de Martin Afonso. Sobre o brasão existe 05 torres visíveis, sendo 08 ao total, representando a emancipação da capital, nas laterais, existe um adorno de ramos de café, representando o principal fator econômico da época. A cor vermelha no centro, significando o sangue derramado com frequência na história da cidade. O braço armado faz alusão ao espírito do povo, pronto a lutar pelos seus direitos, qualquer que seja a força de seu inimigo. Também relembrando os guerreiros e as descobertas do século XVI, o pendão farpado de 04 pontas e a haste lanceada exalta o bandeirismo.

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A divisa "Non ducor, duco", em latim, significa: “Não sou conduzido, conduzo", e valoriza a independência das ações desenvolvidas pela cidade e seu papel de liderança no estado e no país. O brasão de armas de São Paulo, é possível ser visto nos uniformes e boinas dos policiais GCM, que fazem a guarda de patrimônios e agora possuem poder de polícia. Utilizado em documentos oficiais da prefeitura, em prédios públicos, escolas municipais e em materiais de comunicação da administração municipal.



Curiosidades da Catedral da Sé

Em sua cripta estão enterrados o Gran-Cacique Tibiriçá, Padres José de Anchieta e Manuel da Nóbrega.

A igreja possui um carrilhão com 61 sinos, acionados eletronicamente e o orgão é um dos maiores da América do Sul com 12 mil tubos.


Porque se dá o nome de Sé em algumas catedrais no Brasil e pelo mundo?

Quando guio pessoas em diversos locais no Brasil ou no mundo, costumo comentar sobre alguns assuntos que as pessoas normalmente não saberiam e que ajuda muito a entender, porque se chama X ou Y e qual o motivo de se chamar assim. O nome "Sé" provém da palavra em latim "sedes", que significa "sede", ou melhor escrevendo, o lugar onde alguém pode sentar-se; a casa principal de uma ordem religiosa; o lugar onde se fixa um tribunal, um governo, uma administração, ou onde uma empresa comercial tem o seu principal estabelecimento; o lugar onde sucede um acontecimento. Neste caso, refere-se à uma igreja catedral de uma diocese, onde o bispo tem sua cátedra. Em diversas cidades do Brasil e de Portugal irão se deparar com o nome "Sé" por este motivo.


Origem das principais ruas do centro de São Paulo

As primeiras ruas de São Paulo, se deram á partir do caminho/trilhas que os indígenas usavam, chamada em Tupi-Guarani de "Peabiru", caminhos que os Bandeirantes e Jesuítas também usavam. As vias iniciais surgiram no entorno da colina histórica, sendo que os primeiros caminhos, indo do Campo do Guaré (hoje onde é o Bairro da Luz nos dias atuais), tornou-se a atual Rua Florêncio de Abreu, os outros dois principais caminhos deram origem ao que são hoje, as ruas 15 de Novembro e rua Direita, além da rua São Bento. A partir destas ruas, houve o crescimento da cidade de São Paulo.


As antigas vias fluviais do centro de São Paulo
Margem direita do Rio Tamanduateí, Crédito SMC - DPH - DIM. Foto: Guilherme Gaensly. Arquivo Garoa Histórica
Margem direita do Rio Tamanduateí, Crédito SMC - DPH - DIM. Foto: Guilherme Gaensly. Arquivo Garoa Histórica

Você sabia que o centro de São Paulo já possuiu rios onde foram utilizados como rotas fluviais de barcos, transportando pessoas e mercadorias? Os rios Anhangabaú e Tamanduateí já foram navegáveis e muito úteis, principalmente o Rio Tamanduateí que servia além de transporte de pessoas, mas principalmente de grãos e mercadorias de cidades do interior de São Paulo até o grande mercado, também chamado de Mercado dos Caipiras, onde atualmente se encontra o Mercado Municipal de São Paulo, ligando estas cidades do interior, ao mercadão e à ladeira Porto Geral. Que por acaso recebeu este nome, por possuir um grande declive "ladeira" e ligar à parte alta do centro ao antigo Porto, que se encontrava ao lado do Mercadão e abastecia inclusive no que ainda hoje chamamos de Zona Cerealista. O Vale do Anhangabaú também foi uma via de barcos, embora o volume de água e sua profundidade sempre foram muito baixas, até por isso deram o nome de córrego Anhangabaú. Mas, devido a falta de saneamento básico o córrego foi usado como esgoto a céu aberto pelos moradores desta região, isso causou um grande problema na época e para sanar este problema, pois era aparente a poluição e além disso, ocorriam enchentes que prejudicava diversos bairros do centro, a prefeitura decidiu canalizar o córrego no ano de 1906. Depois disso, o vale do Anhangabaú passou por muitas transformações ao logo do tempo, houve o processo de arborização no ano de 1910 e a criação do parque com lajes no ano de 1990.


Curiosidades sobre os antigos rios da cidade de São Paulo

Anhangabaú


Para os índios Tupis-guaranis, o vale do Anhangabaú, principalmente o rio eram amaldiçoados e jamais eles passavam ou entravam neste local. No idioma Tupi-guarani o nome "Anhangabaú" significa "Rio do Mau Espírito" ou "Água do Mau Espírito". Os índios acreditavam em um ser espiritual, protetor das florestas, chamado "Anhangá", este espírito poderia se transformar em diversos seres, sendo animais ou pessoas, podendo se transformar em animais como: boi, peixes, macacos e principalmente no Vale do Anhangabaú o espírito assumia a forma de um veado branco com olhos de fogo.


Tamanduateí


Ao contrário do córrego ou rio Anhangabaú, o rio Tamanduateí era utilizado pelos índios como fonte de recursos naturais, usados para pesca, banho, fonte de diversão e outras funções. O nome em Tupi-Guarani significa "Rio do Tamanduá verdadeiro", pois o rio em sua cheia formava poças, onde peixes ficavam presos e após a baixa do rio, com a secagem da água os peixes mortos atraiam formigas que atraiam os tamanduás. O rio também era conhecido como "Piratininga", que em Tupi-guarani significa "Peixe seco", devido ao fato mencionado acima.


Crescimento da cidade de São Paulo e suas influências arquitetônicas

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No ano de 1890 a cidade de São Paulo contava com uma população de 65 mil habitantes, São Paulo já mostrava sinais do seu crescimento através de novos monumentos e grandes construções, caso do primeiro viaduto da cidade, "o viaduto do chá", construído no ano de 1892, inicialmente construído com estruturas metálicas importadas da Alemanha.


Foto do bairro de Higienópolis no ano de 1900, acervo de SP City (spcty.com.br)
Foto do bairro de Higienópolis no ano de 1900, acervo de SP City (spcty.com.br)

Em 1895 surgiu um projeto ambicioso e ao mesmo tempo, uma solução para receber e acomodar as famílias ricas do ramo cafeeiro para morar no centro de São Paulo. Como havia comentado em um tópico anterior, sobre a parte dos rios de São Paulo, o córrego do Anhangabaú havia se tornado um problema, devido ao despejo de esgoto por falta de saneamento básico "encanado". Por este motivo, a solução foi lotear locais como o de Campos Elíseos, com a intenção que o local fosse criado especificamente para receber e acomodar a elite cafeeira do interior de São Paulo e outros estados. O local ofereceria além de fornecer segurança, construções modernas, foi o primeiro bairro a ter saneamento básico, e se tornou o "bairro higiênico de São Paulo", o nome "Higienópolis" nasceu daí. Embora o nome escolhido inicialmente para o projeto, tinha um nome muito mais elegante, havia sido lançado como "Boulevard Bouchard", criado pelos arquitetos alemães "Martinho Bouchard" e "Victor Nothmann".


Foto da construção da Estação da Luz, em 1901. Acervo de Ulisses Jesus
Foto da construção da Estação da Luz, em 1901. Acervo de Ulisses Jesus

No mesmo ano da criação do bairro Higienópolis, em 1895, foi inaugurada a primeira estação de trem, a Estação da Luz, substituindo a antiga "The São Paulo Railway" que havia sido criada no ano de 1867. No ano de 1900 a população de São Paulo, saltou de 65 mil para 240 mil habitantes, nesta época, o setor cafeeiro foi o principal impulsionador do aumento populacional e riqueza no estado de São Paulo e contribuiu para grandes mudanças no centro da cidade, o grande aumento da população deveu-se também com a chegada de muito aos imigrantes provenientes de diversas partes do mundo em busca de oportunidades em uma nova terra e uma cidade em amplo crescimento. Um ano depois, em 1901, foi inaugurada a segunda "Estação da Luz", só que agora passou a ser não apenas uma construção, mas uma referência e um símbolo da modernização da cidade de São Paulo. A Estação da Luz foi projetada pelo arquiteto britânico "Charles Henry Driver" e o material de construção da estação foi todo importado da Inglaterra. A escolha do estilo arquitetônico da construção foi o "neoclássico e gótico", mas apresenta em alguns pontos o estilo vitoriano, caso da entrada da Estação da Luz. Hoje em dia, além da Estação da Luz o visitante poderá conhecer o Museu da Língua Portuguesa anexo à estação da Luz e de frente a Pinacoteca do estado.


Foto da construção de edifício Martinelli no ano de 1920. Acervo de fotos do site do Prédio Martinelli
Foto da construção de edifício Martinelli no ano de 1920. Acervo de fotos do site do Prédio Martinelli

O primeiro arranha céus construído em São Paulo, foi o edifício Martinelli no ano de 1920, o responsável pela obra foi o imigrante italiano Giuseppe Martinelli. Sua construção foi obra dos trabalhos do arquiteto húngaro William Filinger, da academia de Belas Artes de Viena. O prédio foi construído entre as ruas São Bento, Líbero Badaró e Rua São João, com 30 andares, 27 pavimentos e mais andares no ático. Totalizando 63mts de altura para a Rua São Bento e 72,50 mts para a Rua Líbero Badaró. O edifício se tornou um dos principais símbolos arquitetônicos do Brasil e já foi o ponto alto de encontro da alta sociedade paulistana. A maioria dos materiais da construção do prédio foi importado, inclusive o cimento para a construção do prédio que veio da Noruega e da Suécia. Os acabamentos luxuosos, madeira de lei e o mármore foram importados da Itália.

Multidão frente ao Cine Rosário, no dia de sua inauguração no ano de 1929.
Multidão frente ao Cine Rosário, no dia de sua inauguração no ano de 1929.

Como nasceu o bairro da Liberdade?

O bairro da Liberdade que conhecemos hoje, com toda a sua influência Oriental, principalmente a japonesa, esconde segredos e histórias que muitas pessoas nem imaginam. Não seria correto falarmos de data de nascimento do bairro, mas a data de nascimento de sua "Nominação", esta sim, nasceu no ano de 1870 e sua inauguração oficial em 1905 e este é o motivo do principal assunto desta parte do POST. Antes de "Bairro da Liberdade", seu nome era chamado de "Bairro da Pólvora" ou "Largo da Forca". No ano de 1821, um cabo do primeiro batalhão do exército, da antiga Colônia Portuguesa lotado em Santos, chamado Francisco José das Chagas, o vulgo "Chaguinhas" , liderou uma revolta, ou motim, reivindicando soldos atrasados e equiparação salarial dos soldados brasileiros aos soldados portugueses. Junto com "Chaguinhas", o soldado chamado José Joaquim Coidiba fazia parte do ato. O movimento deu errado e os dois foram condenados à forca, trazidos para São Paulo para serem enforcados exatamente onde se encontra hoje o acesso de entrada e saída do Metrô da estação Liberdade. O local que hoje é a praça da Liberdade, era na época, além do cemitério para pessoas fora da lei, escravizados e indigentes, também seria o local onde condenados eram enforcados, para dar exemplo, assistido regularmente pela população local.

O soldado José Joaquim foi morto instantaneamente, mas ao contrário disso, "Chaguinhas", teve a corda simplesmente rompida por 03 vezes. O ocorrido, presenciado pelo povo que assistia ao enforcamento, começaram a gritar "Liberdade", pedindo para que não matassem "Chaguinhas". Mas como fora dado uma ordem militar, mesmo com o milagre sendo visto por todos, seguiram em frente com a execução. O Padre Feijó, que na época ainda não era sacerdote, escreveu 10 anos depois do ocorrido, que foi testemunha do evento e que havia sido ainda pior, pois na terceira vez, quando "Chaguinhas" ainda com vida havia caído ao chão, os executores retalharam seu corpo na ladeira da forca.


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CAPELA DOS AFLITOS


A Capela dos Aflitos data do ano de 1774 e é a prova ainda em pé, do primeiro cemitério público da cidade de São Paulo. Dentro da Capela de encontra o local onde "Chaguinhas" ficou preso, antes do enforcamento. E abaixo comento uma curiosidade que poucas pessoas sabem. DICAS DE GUIA


"PARECIDO AO MURO DAS LAMENTAÇÕES, MAS EM SÃO PAULO..."


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Como Guia em Israel, é óbvio que se trata de uma brincadeira. Mas é só para que possamos entender que também se colocam bilhetes e pedidos nas frestas da porta, o mesmo que se faz no muro das lamentações em Jerusalém. "Chaguinhas", depois do ocorrido, por ter sobrevivido a 03 vezes ao enforcamento, ganhou o status de "Protetor dos Excluídos" . O rito consiste em escrever seu pedido num papel, dobrá-lo e após colocá-lo em uma das frestas da porta, no local onde antes seria a cela que "Chaguinhas" ficou preso antes de ser enforcado, bata 03 vezes para que seu pedido seja aceito. Após isso, ao final acenda uma vela no velário ao lado da porta. Mensalmente um grupo de reúne para rezar um terço, que recebeu o nome de "Glorixá", mistura a crença na Igreja Católica e a adoração aos Orixás.



Devido a grande expansão da cidade de São Paulo e com a chagada de imigrantes japoneses, por volta do ano de 1908 com a chegada do navio Kasatu Maru no Brasil. Obviamente os imigrantes se distribuíram por todo o estado de São Paulo e outros estados do Brasil. Mas em São Paulo, um dos bairros mais baratos para se morar na época, o bairro próximo ao cemitério público da cidade. Daí em 1912 a comunidade japonesa começou a tomar conta do bairro. Inclusive decorando com as lanternas de decoração típica japonesa as ruas.

 
 
 

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