top of page
  • Facebook
  • Instagram
  • Twitter
  • YouTube
  • Pinterest

Tour guiado de São Paulo

  • Foto do escritor: Mauro Popovs
    Mauro Popovs
  • há 22 horas
  • 11 min de leitura

Sou guia de Oriente Médio a mais de 20 anos, mas com "orgulho" moro em São Paulo e por muitas vezes tive a oportunidade em conduzir estrangeiros, brasileiros de outros estados e atualmente Paulistas e Paulistanos para conhecer a história desta grande cidade.

Foto: Pátio do colégio no centro de São Paulo
Foto: Pátio do colégio no centro de São Paulo
Como nasceu a cidade de São Paulo

A cidade de São Paulo, nasceu em 25 de janeiro de 1554, o nome "São Paulo", foi escolhido pelos jesuítas Pde. José de Anchieta e Pde. Manual da Nóbrega, o nome foi escolhido devido a data coincidir com a data de batismo do apóstolo Paulo ao cristianismo. O local e marco inicial do nascimento da cidade de São Paulo se deu através do primeiro colégio jesuíta construído no alto do planalto dos campos de Piratininga, antigo nome da região. Chamado de Pátio do colégio até hoje, lá foi o local de onde surgiu então, a cidade de "São Paulo dos campos de Piratininga". O nome em Tupi-guarani "Piratininga", significa "peixe seco" ou "o lugar onde se seca peixes". Um pouco mais adiante neste blog irei comentar sobre uma curiosidade que tem a ver com este nome. Relatos apontam que os padres jesuítas utilizaram astrologia, no caso mapa astral para fundar São Paulo e segundo estas análises São Paulo tem seu ascendente em Áries e por isso é uma cidade que não para, mas existem divergências, existe um horário comumente adotado para o nascimento de São Paulo, que foi ás 06h45 da manhã, neste caso, seu ascendente está a 28º do signo de Aquário ligados ao planeta Marte. Quem conhece ou vive na cidade comprovará que existe semelhanças que regem este signo, pois tem uma natureza sempre dinâmica e inovadora e a ligação com o planeta Marte, marca ação e liderança. O que reforça o lema, escrito inicialmente em latin "Non Ducor, Duco!" (Não sou conduzido, conduzo!), este lema está escrito na bandeira inicial do estado de São Paulo, usado até hoje.

Antes dos jesuítas chegarem ao Planalto de Piratininga, no ano de 1532, "Martin Afonso de Souza" havia chegado em caravelas portuguesas no litoral de São Paulo e fundou a vila de São Vicente, também conhecida como "Porto dos escravos". Neste local. em São Vicente, ocorreu o primeiro conflito entre Europeus na América do Sul, chamada de guerra de Iguape*. Assim que se estabeleceu, Martin Afonso incentivou a conquista de novos territórios ao longo do litoral, caso da vila de Itanhaém (1532) e depois Santos (1546). Ou seja, as primeiras cidades de São Paulo foram as do litoral e apenas no ano de 1553, o personagem, que eu julgo ser o mais importante desta história "João Ramalho" conecta os portugueses com os indígenas na região, chegando até, onde hoje está o Pátio do colégio no centro de São Paulo.


Sem "João Ramalho" não existiria São Paulo
Estátua de João Ramalho na cidade de Santo André / SP
Estátua de João Ramalho na cidade de Santo André / SP

A verdadeira origem de João Ramalho, permanece em mistério até hoje. Não se sabe de ele foi um pirata, um naufrago, um desertor ou apenas um aventureiro. Se sabia que ela teria vindo de Portugal, nascido provavelmente da região de Viseu, mas não se sabe se ele era Judeu ou novo cristão. O fato é que ele chegou antes de Martin Afonso, e a data que se tem conhecimento de sua chegada é do ano de 1510. A partir de sua chegada ao litoral, ele criou uma grande conexão com os povos indígenas da região, principalmente com a etnia Tupiniquim, que cobria desde o litoral até onde é hoje a cidade de São Paulo. João Ramalho se casou com a "índia Bartira" seu nome no idioma Tupi era "M´Bicy", filha do "gran-cacique Tibiriça", o cacique mais importante e poderoso da região nesta época. Após se casar com a índia Bartira, João Ramalho se tornou chefe de uma aldeia e foi a pessoa que abriu caminho a Martin Afonso em suas conquistas, inclusive na conquista de diversos locais ao longo da costa do litoral de São Paulo. Chefiou guerras contra inimigos da etnia tupiniquim, grupos rivais do Cacique Tibiriçá. João Ramalho ganhou o respeito dos povos indígenas, embora tenha sido um dos principais responsáveis sobre o estabelecimento dos escravos indígenas para a colônia portuguesa, sendo estes, os índios das etnias inimigas do Cacique Tibiriçá. Devido à sua liderança na guerra contra as tribos inimigas, João Ramalho, havia reunido mais de 5 mil indígenas sob seu comando, sendo que a colônia Portuguesa tinha apenas 2000 homens, ou seja, ele era a pessoa mais poderosa na época, que falava e manteria costumes portugueses. João Ramalho vivia na "Vila de Santo André da Borda do Campo", praticamente fundada por ele. Se tornou Vereador e posteriormente Prefeito da cidade de hoje, chamada apenas de Santo André. João Ramalho, fundou uma dinastia de "Cablocos-Caipiras", que teve lugar de destaque na empreitada comercial-militar conhecida como "Bandeiras", ou seja, os famosos "Bandeirantes".


Conexão dos jesuítas, através de João Ramalho e tribos indígenas
ree

Pesquisas sobre a história do início da cidade de São Paulo, no século 19, relatam que os povos habitantes do Planalto de Piratininga, eram em sua maioria pertencentes da tribo "Guaianás" ou "Guaianazes". Com a chegada dos bandeirantes, os integrantes desta tribo foram capturados e colocados como escravos no trabalho nas lavouras. Em seguida, tribos Tupis-Guaranis que também habitavam a região ocuparam o local e por isso, relatos escritos pelos jesuítas comentam sobre povos Tupis-Guaranis em seu trabalho de catequização. Mas a conexão entre Jesuítas e os índios não teria acontecido sem a ajuda de um personagem que mudou a história, um homem chamado: João Ramalho, já que era ele "genro" do Gran-Cacique Tibiriçá. Embora os padres jesuítas nunca tiveram uma boa relação com Joao Ramalho, pois ele possuía várias mulheres e além de ser rude e bruto, relatado pelos padres jesuítas, por diversas vezes andou nu pela cidade e não respeitava os mandamentos cristãos. Mesmo assim, ajudou a conectar os indígenas ao trabalho de catequização dos jesuítas e também os protegia contra as investidas das tribos inimigas de outras etnias e tribos rivais. A ideia inicial dos jesuítas seria achar um local, o mais longe possível do domínio dos brancos, já que estes já haviam se estabelecido no litoral e na região de Santo André, desta forma ter autonomia na catequização dos povos indígenas. Com a permissão e o apoio do Gran-Cacique Tibiriçá, liderado pelo Padre José de Anchieta, escolheram o local mais alto da região e lá o Padre fez mais de 50 catecúmenos na data de 29 de agosto de 1553, o que criou a necessidade em fundar um colégio jesuíta no local. Uma curiosidade, é que depois de criada a escola jesuíta, a própria índia Bartira, "M´Bicy", foi batizada na igreja católica, passando a se chamar "Isabel Dias" e seu pai, o próprio Gran-Cacique Tibiriçá, também foi convertido, passando a se chamar "Martins Afonso Tibiriçá". Ao redor do colégio começou a se formar uma pequena povoação de indígenas convertidos ao cristianismo, os jesuítas e colonizadores portugueses. No ano de 1560, devido ao crescimento da região, por ordem de Men de Sá, na época o governador-geral da colônia, os habitantes da Vila de Santo André da Borda do Campo foram transferidos para os arredores do colégio. Neste ano, foi criada a Câmara Municipal e a Confraria da Misericórdia de São Paulo (atual Santa Casa de Misericórdia). Neste ano, ainda em 1560, o Padre Anchieta fundou o que hoje são os bairros de Pinheiros, Santana e São Miguel, inclusive a primeira capela, inaugurada no ano de 1580 foi onde é hoje São Miguel Paulista, considerada a mais antiga do estado de São Paulo. Com o crescimento da recém cidade de São Paulo, a primeira paróquia foi fundada onde se encontra hoje a Catedral da Sé, fundada no ano de 1589. Um ano depois da criação da Paróquia da Sé, monges beneditinos fundaram o Mosteiro de São Bento, em 1590. O que era apenas uma simples abadia e uma capela, na época chamada de Nsa. Senhora de Assunção, se transformou no ano de 1633 no que hoje conhecemos e podemos visitar como o "Mosteiro São Bento", construído em estilo barroco, incorporando nos dias de hoje, uma igreja, faculdade, colégio, livraria e uma hospedaria chamada "Casa de Emaús".


Vista interna "casamento" no Mosteiro de São Bento, centro da cidade de São Paulo
Vista interna "casamento" no Mosteiro de São Bento, centro da cidade de São Paulo

Após a inauguração da "Freguesia da Sé", outras paróquias foram criadas. A 10kms do centro as próximas paróquias foram a de "Nsa. Senhora do Ó" e de "Penha de França" as duas no ano de 1726. Em 1809 a Paróquia de Santa Efigênia, 1812 a de São Bernardo do Campo e 1818 a Paróquia do Brás.


Catedral da Sé

Também conhecida através de seu nome completo, Catedral Metropolitana Nossa Senhora de Assunção e São Paulo. Com a arquitetura e nas formas que conhecemos hoje, a catedral da Sé, começou a ser construída no ano de 1913 e terminou por completo em 1953. O estilo adotado em sua construção foi o "neogótico", que surgiu no século XVII na Inglaterra e se popularizou no século X1X. Quem teve a oportunidade em viajar por alguns países na Europa, poderá perceber o mesmo estilo neogótico na Abadia de Westminster em Londres, na Catedral de Köln (Colônia) na Alemanha e na Catedral de Notre Dame e a Basílica de Saint-Denis, estas duas se encontram em Paris na França. Uma única curiosidade que diferencia a Catedral da Sé de outras construções religiosas neste estilo, é que sua cúpula foi feita no estilo de arquitetura renascentista baseada nos estilos das construções das igrejas de Florença na Itália, mas mesmo assim a Catedral é considerada o quarto maior templo neogótico do mundo. A Catedral é considerada a igreja mais alta de São Paulo, com 111 metros de comprimento, 46 metros de largura, das duas torres e com 92 metros de altura, tem capacidade para abrigar 8000 pessoas sentadas. No acabamento total da igreja, foram utilizadas 800 toneladas de mármore. O arquiteto que construiu a Catedral da Sé no formato que conhecemos hoje foi o alemão "Maximilian Emil Hehl", nesta época o arcebispo era "Dom Duarte Leopoldo e Silva". Os mosaicos, esculturas e mobiliário que compõem a parte interna da igreja foram trazidos de navio da Itália.



Curiosidades da Catedral da Sé

Em sua cripta estão enterrados o Gran-Cacique Tibiriçá, Padres José de Anchieta e Manuel da Nóbrega.

A igreja possui um carrilhão com 61 sinos, acionados eletronicamente e o orgão é um dos maiores da América do Sul com 12 mil tubos.


Porque se dá o nome de Sé em algumas catedrais no Brasil e pelo mundo?

Quando guio pessoas em diversos locais no Brasil ou no mundo, costumo comentar sobre alguns assuntos que as pessoas normalmente não saberiam e que ajuda muito a entender, porque se chama X ou Y e qual o motivo de se chamar assim. O nome "Sé" provém da palavra em latim "sedes", que significa "sede", ou melhor escrevendo, o lugar onde alguém pode sentar-se; a casa principal de uma ordem religiosa; o lugar onde se fixa um tribunal, um governo, uma administração, ou onde uma empresa comercial tem o seu principal estabelecimento; o lugar onde sucede um acontecimento. Neste caso, refere-se à uma igreja catedral de uma diocese, onde o bispo tem sua cátedra. Em diversas cidades do Brasil e de Portugal irão se deparar com o nome "Sé" por este motivo.


Origem das principais ruas do centro de São Paulo

As primeiras ruas de São Paulo, se deram á partir do caminho/trilhas que os indígenas usavam, chamada em Tupi-Guarani de "Peabiru", caminhos que os Bandeirantes e Jesuítas também usavam. As vias iniciais surgiram no entorno da colina histórica, sendo que os primeiros caminhos, indo do Campo do Guaré (hoje onde é o Bairro da Luz nos dias atuais), tornou-se a atual Rua Florêncio de Abreu, os outros dois principais caminhos deram origem ao que são hoje, as ruas 15 de Novembro e rua Direita, além da rua São Bento. A partir destas ruas, houve o crescimento da cidade de São Paulo.


As antigas vias fluviais do centro de São Paulo
Margem direita do Rio Tamanduateí, Crédito SMC - DPH - DIM. Foto: Guilherme Gaensly. Arquivo Garoa Histórica
Margem direita do Rio Tamanduateí, Crédito SMC - DPH - DIM. Foto: Guilherme Gaensly. Arquivo Garoa Histórica

Você sabia que o centro de São Paulo já possuiu rios onde foram utilizados como rotas fluviais de barcos, transportando pessoas e mercadorias? Os rios Anhangabaú e Tamanduateí já foram navegáveis e muito úteis, principalmente o Rio Tamanduateí que servia além de transporte de pessoas, mas principalmente de grãos e mercadorias de cidades do interior de São Paulo até o grande mercado, também chamado de Mercado dos Caipiras, onde atualmente se encontra o Mercado Municipal de São Paulo, ligando estas cidades do interior, ao mercadão e à ladeira Porto Geral. Que por acaso recebeu este nome, por possuir um grande declive "ladeira" e ligar à parte alta do centro ao antigo Porto, que se encontrava ao lado do Mercadão e abastecia inclusive no que ainda hoje chamamos de Zona Cerealista. O Vale do Anhangabaú também foi uma via de barcos, embora o volume de água e sua profundidade sempre foram muito baixas, até por isso deram o nome de córrego Anhangabaú. Mas, devido a falta de saneamento básico o córrego foi usado como esgoto a céu aberto pelos moradores desta região, isso causou um grande problema na época e para sanar este problema, pois era aparente a poluição e além disso, ocorriam enchentes que prejudicava diversos bairros do centro, a prefeitura decidiu canalizar o córrego no ano de 1906. Depois disso, o vale do Anhangabaú passou por muitas transformações ao logo do tempo, houve o processo de arborização no ano de 1910 e a criação do parque com lajes no ano de 1990.


Curiosidades sobre os antigos rios da cidade de São Paulo

Anhangabaú


Para os índios Tupis-guaranis, o vale do Anhangabaú, principalmente o rio eram amaldiçoados e jamais eles passavam ou entravam neste local. No idioma Tupi-guarani o nome "Anhangabaú" significa "Rio do Mau Espírito" ou "Água do Mau Espírito". Os índios acreditavam em um ser espiritual, protetor das florestas, chamado "Anhangá", este espírito poderia se transformar em diversos seres, sendo animais ou pessoas, podendo se transformar em animais como: boi, peixes, macacos e principalmente no Vale do Anhangabaú o espírito assumia a forma de um veado branco com olhos de fogo.


Tamanduateí


Ao contrário do córrego ou rio Anhangabaú, o rio Tamanduateí era utilizado pelos índios como fonte de recursos naturais, usados para pesca, banho, fonte de diversão e outras funções. O nome em Tupi-Guarani significa "Rio do Tamanduá verdadeiro", pois o rio em sua cheia formava poças, onde peixes ficavam presos e após a baixa do rio, com a secagem da água os peixes mortos atraiam formigas que atraiam os tamanduás. O rio também era conhecido como "Piratininga", que em Tupi-guarani significa "Peixe seco", devido ao fato mencionado acima.


Crescimento da cidade de São Paulo e suas influências arquitetônicas

No ano de 1890 a cidade de São Paulo contava com uma população de 65 mil habitantes, São Paulo já mostrava sinais de crescimento com monumentos e grandes estruturas, caso do primeiro viaduto da cidade, o viaduto do chá, construído no ano de 1892, inicialmente construído através de estruturas metálicas importadas da Alemanha. Em 1895 foi inaugurada a primeira estação de trem, a estação da Luz, substituindo a antiga "The São Paulo Railway" que havia sido criada no ano de 1867. Neste mesmo ano, em 1895 surgiu um projeto ambicioso e uma solução para receber e acomodar as famílias ricas no centro de São Paulo. Como havia comentado em texto acima, sobre a parte dos rios de São Paulo, o córrego do Anhangabaú havia se tornado um problema, devido ao despejo de esgoto e falta de saneamento básico "encanado". Por este motivo, a solução foi lotear locais como o de Campos Elíseos, com a intenção que o local fosse criado especificamente para receber e acomodar a elite cafeeira do interior de São Paulo e outros estados. O local ofereceria construções modernas, e foi o primeiro bairro a ter saneamento básico, e tornou o "bairro higiênico de São Paulo", que foi chamado de "Higienópolis". Embora em seu projeto inicial o nome seria outro, o projeto tinha sido lançado como "Boulevard Bouchard", criado pelos arquitetos alemães "Martinho Bouchard" e "Victor Nothmann". Mas voltando à construção da estação de trem, esta sim teve muita importância para o crescimento da cidade, até que no ano de 1900 a população de São Paulo, saltou de 65 mil para 240 mil habitantes. O setor cafeeiro foi o principal impulsionador do aumento populacional e riqueza no estado de São Paulo e contribuiu para grandes mudanças no centro da cidade, o grande aumento da população deveu-se também com a chegada de muito aos imigrantes oriundos de diversas partes do mundo em busca de oportunidades em uma terra nova e uma cidade em amplo crescimento. Um ano depois, em 1901, foi inaugurada a Segunda "Estação da Luz", só que agora como uma referência e um símbolo da modernização da cidade. Projetada pelo arquiteto britânico "Charles Henry Driver" o material de construção da estação foi todo importado da Inglaterra, a escolha do estilo arquitetônico da construção foi o "neoclássico e gótico", mas apresenta em alguns pontos o estilo vitoriano, caso da entrada da estação da Luz. Hoje em dia, além da estação da Luz o visitante poderá conhecer o Museu da Língua Portuguesa anexo à estação da Luz.



















 
 
 

Comments

Rated 0 out of 5 stars.
No ratings yet

Add a rating
ballmenor.png

مرحبا Marhaba

Olá, obrigado por sua visita.
Meu compromisso será sempre manter dicas e informações exclusivas para que tenham a melhor experiência em sua viagem.

Mauro Popovs

bottom of page